Histórias de Sever do Vouga: Fábrica de Massas Vouga
- abcdigitaliscia
- 7 de jun. de 2022
- 2 min de leitura

Era uma vez um homem chamado Joaquim Martins, um empreendedor nato, de origem severense, que, nos anos 40, fundou a Fábrica de Massas Alimentícias Vouga. Na altura, foi a maior fábrica do género da Península Ibérica, empregando centenas de trabalhadores de toda a região de Aveiro e Viseu, incluindo o sobrinho do fundador, também ele chamado Joaquim Martins.
Tudo parecia correr bem, uma receita de sucesso, até tudo se desmoronar… Quando foi preciso introduzir capital na Fábrica, Joaquim Martins (tio) tornou-a numa sociedade. Contudo, os recém sócios desentenderam-se e não tardaram a afastar o Sr. Joaquim da empresa que fundou. A partir de então, o negócio começou a piorar e, na década de 80, a Fábrica encerrou as suas portas para sempre.
A saga da Fábrica de Massas Alimentícias Vouga não termina, porém, aqui. Joaquim Martins (sobrinho) carrega este legado e conta-nos a sua história até aos dias de hoje.
Ao longo desta edição do ABC Digital temos vindo a falar muito de storytelling, por isso, neste artigo de blog, vamos contar-te uma história. Vamos seguir as palavras de Joaquim Martins (sobrinho) e desvendar alguns dos segredos que ainda guardam as memórias de Sever de Vouga.
A Fábrica de Massas Alimentícias Vouga foi fundada em 1936 por Joaquim Martins. Tendo em conta a falta de um moinho próprio e a existência de um na cidade, o fundador da fábrica pediu autorização para o usar. E foi assim que A Fábrica foi construída de forma a poder usufruir deste moinho.
No concelho, em meados de 1930, não havia energia elétrica, nenhuma empresa que a fornecesse, o que significava que a moagem funcionava pelo uso de turbinas de água durante o inverno, e com motores diesel quando havia falta de água.
Uma outra curiosidade é que, à época, a Federação Nacional dos Industriais da Moagem impunha quotas a todas as empresas. A Fábrica de Massas Vouga não era exceção. Para aumentar a quota, o que se podia fazer? Pedir uma autorização à Federação que, regra geral, era recusada; ou, comprar novas fábricas na região para aumentar a produtividade e os lucros. Foi justamente isso que fez Joaquim Martins. Decidiu comprar uma fábrica em Coimbra e outra em Vouzela para poder chegar às quotas desejadas.
Não há como negar o contributo que Joaquim Martins deu para a indústria nacional. Contudo, como qualquer empresa, é preciso dinheiro para fazer dinheiro. Assim, para introduzir capital na Fábrica, Joaquim Martins abriu-a a sócios que cedo se começaram a desentender. Finalmente, acabaram por chegar a uma decisão: alguém teria de sair da empresa. Quem? Nada mais, nada menos do que o seu fundador, Joaquim Martins. Pelo menos, é isso que nos conta o seu sobrinho que recorda esta história.
Na ausência do seu fundador a Fábrica entrou em falência e acabou por fechar as portas em 1984.
Este é apenas uma das histórias (algumas delas, como esta, um pouco trágicas) que a Fábrica de Massas Alimentícias Vouga tem para nos contar. E ninguém melhor para o fazer do que Joaquim Martins (sobrinho) que nos deixa o seu testemunho. Para ouvirem parte desta história em primeira pessoa, vejam o pequeno vídeo que preparamos para vocês.
ABC Digital: Em cada história, uma viagem. Em cada viagem, uma história.
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